José Dirceu: um espectro ronda Bolsonaro.
Enquanto isso, o presidente avança em sua política autoritária, fundamentalista, religiosa e reacionária e se prepara para a reeleição

Basta passar a vista pelo mundo para ver que entramos num novo período de lutas: Catalunha, Beirute, Túnis, Bagdá e Londres estão aí para nos alertar e estimular a luta.
Mais grave é o papel exercido pelos militares, que não escondem seu apoio a dois eixos principais da política de Bolsonaro: o alinhamento total à hegemonia e à política externa norte-americana, e a radical política liberal e de mercado de Guedes. Chegaram ao ponto de em entrevistas ou no Twitter mandarem recados aos poderes constituídos, Legislativo e Judiciário, para endossar por vias indiretas – ou abertamente, como fez o superministro – a tutela militar ou senão simplesmente a ditadura via um novo AI 5.
Bolsonaro aos poucos propõe mudanças legais, que, na prática, legalizariam uma ditadura, como o uso sem embasamento constitucional das chamadas GLO [operações de Garantia da Lei e da Ordem] e a exclusão de ilicitude.
Ao ameaçar o país com um novo AI-5, o governo revela seu medo de uma revolta popular e expõe sua face autoritária e antidemocrática.
A oposição liberal vacila e, comprometida com a pauta neoliberal, busca desesperadamente uma saída sem Bolsonaro, cala-se frente à tutela militar, mas seu verdadeiro temor é Lula, o PT e a oposição de esquerda. O presidente agride e repudia (começando pela Globo e pela Folha), avança em sua política autoritária, fundamentalista, religiosa e reacionária e se prepara para a reeleição.
Um espectro ronda as noites: o povo rebelado e insubmisso – e a saída militar, a ditadura.
As esquerdas e a oposição popular têm um desafio, decifrar essa esfinge. Tema de nosso próximo artigo.